16 de maio de 2020

Quadrilátero Wesleyano

A Graça e a Paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo a todos!

Já ouviu falar do "Quadrilátero Wesleyano"? Venha comigo que vou tentar apresentar o seu significado de uma maneira bem direta simples.









Para John Wesley (1703-1791) o conhecimento teológico é obtido a partir da relação estreita de quatro fontes, a saber: Bíblia, Experiência, Tradição e Razão. Esta estrutura sistemática é conhecida como "Quadrilátero Wesleyano", que tem a Bíblia como elemento central. Isso significa afirmar que a Bíblia, fonte suprema da revelação divina, deve ser lida tendo como instrumentos auxiliares para sua interpretação os elementos do quadrilátero wesleyano. Neste quadrilátero reside o equilíbrio da teologia wesleyana.


  • As Escrituras (Bíblia): John Wesley considerava a Bíblia como primeira e final fonte de autoridade para a formulação de uma doutrina. Embora pareça contraditório, ele defendia que, a razão, a tradição e a experiência também eram fontes de autoridade. É peculiar de Wesley que, as Sagradas Escrituras compunham, portanto, a primeira fonte. Depois de avaliados os outros (três) critérios, a Bíblia fechava novamente o ciclo. Esta era então, a primeira e a última fonte de autoridade de acordo com seu raciocínio. Vemos muitos ensinamentos baseados em ordem diferenciada hoje em dia. Muitos valorizam mais as experiências em detrimento das Escrituras. Ele mesmo declarou: "Vocês correm o risco (...) a cada hora, se vocês divergirem, mesmo que pouco, das Escrituras; sim, ou do significado claro e literal de algum texto, compreendido em conexão com o contexto";



  • A razão: John Wesley costumava combinar a razão com as Escrituras. Dizia que, a razão não é uma fonte primária de conhecimento, mas um processador que organiza e deriva inferências do conhecimento da experiência. É como se fosse um mecanismo que o ser humano possui para interpretar as informações que o Espírito Santo revela a nosso espírito (Rm 8:16 - "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus"). Ele rejeitava tanto o entusiasmo irracional quanto o anti-sobrenaturalismo;



  • A tradição: John Wesley via a autoridade da tradição de uma forma diferente. Ao invés de ser independente das Escrituras, a tradição era fundamentada nas Escrituras, que a explicava. Alguns chamam essa tradição de "norma normatizada". Para Wesley, uma nova doutrina deveria estar errada. A velha religião era verdadeira. Nenhuma doutrina poderia estar correta a menos que concordasse com a doutrina dos primórdios, isto é, a Igreja Primitiva;



  • A experiência: John Wesley mesmo dizia que a fé é a evidência ou convicção divina e sobrenatural de coisas não vistas, que não são passíveis de serem descobertas pelos sentidos corporais. Nessa experiência, o Espírito toma a verdade conhecida racionalmente e a torna pessoal. Wesley afirma que sabemos que fomos santificados e salvos "pelo testemunho e pelo fruto do Espírito. Primeiro, pelo testemunho, pois quando fomos justificados o Espírito testificou ao nosso espírito que nossos pecados foram perdoados; ainda assim, quando fomos santificados ele testemunhou que fomos lavados (...) esse último testemunho do Espírito é tão claro e firme quanto o primeiro"¹. Apesar de valorizar a experiência, Wesley era cauteloso com visões, sonhos e coisas semelhantes e insistia que as Escrituras deveriam ter prioridade no julgamento da validade de tais experiências: a experiência pessoal não pode contrariar a Bíblia. Como já fora exposto no primeiro item, Wesley não usava nem a experiência, nem a traição, nem a razão como autoridades independentes para confirmar a verdade das Escrituras. A Bíblia era a primeira e última fonte de autoridade para sistematizar uma doutrina.


¹ WESLEY, John. The complete works of John Wesley.

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