17 de junho de 2021

A Relação entre o Cristão e as Armas


A graça e a paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Como muitos que me conhecem, sabem que costumo somente escrever sobre aquilo em que me sinto incomodado ou inspirado pelo Espírito Santo. Recentemente venho me sentindo bastante incomodado com algumas postagens de cristãos referente ao apoio a liberação do porte de armas.


A pergunta que fica é: um cristão pode usar uma arma? — Já vou te adiantar a resposta: sim.

Se você ler somente o parágrafo acima, talvez você ache que eu, Rafael, também sou a favor de tal liberação. Portanto eu te digo que não. Eu, Rafael, sou contra o porte armas. Abaixo irei usar meus argumentos do porque eu não sou a favor, concorde se quiser.


Como eu costumo dizer ao longo da vida e também nas salas de aula, entendo que TUDO aquilo que vamos fazer precisamos fazer uma pergunta bem trivial antes: será que Jesus faria isso em meu lugar? Deixa eu te explicar o porque eu gosto de falar sobre essa pergunta. Primeiro: Jesus se colocou no meu e no seu lugar quando Ele se fez homem (Is 53.4; Rm 5.8; 1Jo 3.16, 4.9), nada mais justo do que pensar nEle antes de fazermos qualquer coisa; Segundo: todo pecador pode ser perdoado e redimido enquanto ainda estiver vivo (Lc 15.7,10; Jo 8.1-11, Tg 5.20), o que, ao meu ver, não nos dá o direito de tirar a vida de ninguém; Terceiro ponto: Jesus nos ensinou que devemos amar o nosso próximo, seja ele amigo ou até mesmo inimigo (Mt 5.43-47; Mc 12.33; Lc 6.32-36; Rm 13.8,10).


Eu poderia citar mais pontos para defender essa teoria, mas creio que para o assunto em questão estes três listados acima são mais do que suficientes.


Talvez você esteja se perguntando “Ah! Mas o que o pecador tem a ver com ‘se perguntar se Jesus faria algo’?”. Eu te respondo: tudo. Sim, tudo. Sabe porquê? Porque todas as escolhas que tomamos em nossa vida estão relacionadas a outras pessoas, principalmente quando fazemos parte de um corpo chamado IGREJA. Desde a simples escolha  de uma roupa ou o que comer, até a escolha de um carro, uma casa, filme ou seriado para assistir, livro para ler, pessoa para casar etc. Depois, claro, ainda tem aquela escolha ultra mega difícil que é: o que falar. Essa parte de falar é a mais difícil, como nosso amigo Tiago disse em seus escritos da Bíblia (Tg 3.6-12).


Mas, Rafael, como assim a roupa que eu visto ou a comida que eu como tem a ver com outras pessoas?”. Eu te respondo: tudo. Sua roupa pode tanto te escandalizar quanto escandalizar a pessoa que te olha. É preciso cautela. O problema não está só em quem te olha por não te respeitar, mas também em você mesmo por não respeitar quem te olha. Se você sabe que tem pessoas que acham sua roupa escandalosa, por que não tomar cuidado ao escolhê-la? Isso é pensar com amor nas pessoas (Mt 7.3-5). Quanto ao que você come também, vou te dar um exemplo bem simples e direto: digamos que você vai participar de algum trabalho pesado à tarde, porém você se afundou naquela feijoada na hora do almoço e passou mal depois. As pessoas precisavam de você para o trabalho, mas você deu mancada com elas porque não teve controle na hora de comer. Claro que esse é só um exemplo. Temos também aquele exemplo clássico do irmão que chama o outro para almoçar em sua casa e faz justamente o prato que o convidado não come, se justificando com o versículo de Atos 10.10-15 e 1 Coríntios 10.25-27. Os versículos em questão tratam, o primeiro citado da lei mosaica e outro sobre comida sacrificada. Inclusive, se você continuar lendo 1 Coríntios 10.28 em diante, vai constatar isso. Ou seja: respeito é bom e faz bem para todas as partes envolvidas. Respeito é amor, julgamento é hipocrisia. Por isso que eu digo sempre: Deixa Deus julgar. A nós cabe viver a nossa vida e respeitar a vida dos outros. Cada um faz o que bem entender. Se você não gosta de algo, não faça. Simples assim.


Creio que você já entendeu o porque eu disse no começo da postagem que o cristão pode usar uma arma, certo? Ainda não? Sério? Ok, vou te explicar.


Nós, cristãos, pertencemos a dois reinos: o terrestre e o celestial (Mt 5.13-16; Lc 20.19-26; Jo 3.5, 18.36). Isso significa que nós pertencemos ao reino de Cristo (celestial), mas ainda estamos aqui na Terra (terrestre). Nós fomos salvos por Cristo, o que nos dá o direito de ser igreja e servir ao rei, que é Jesus. Porém, enquanto estivermos vivos (vida física), temos um compromisso com este reino daqui (terrestre). Mas Jesus nos fala que o Seu reino é superior (Lc 7.28 - João Batista é menor que o menor do reino dos Céus, pois Jesus ainda não tinha consumado sua obra vicária), o que nos diz que devemos dar prioridade para o reino celestial. Jesus nos ensina sobre isso (Jo 3.1-8). Portanto, além de nossas escolhas interferirem nos outros, interfere também para o reino de Deus. 


Como vimos anteriormente, o reino de Deus é baseado em algumas coisas, tais como: Amor, Fé, Esperança, Perseverança etc. Logo, devemos crer e esperar. Vou te dar um exemplo da própria Bíblia, do próprio Jesus. Nos evangelhos vemos a cena em que Pedro corta a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote (Mt 26.47-55; Jo 18.1-11). Porém Jesus o adverte seriamente dizendo “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão” (Mt 26.52), voltando a orelha de Malco ao lugar logo em seguida, pois alguém que está no caminho para se tornar sacerdote não pode ter imperfeições corporais. Essa passagem nos ensina muita coisa. Vamos lá. Primeiro: Jesus é extremamente poderoso, uma vez que tudo aqui na Terra lhe pertence (Jo 1.1-4), mas Ele não fez nada para impedir que o levassem preso e em seguida morto; Segundo: nossa batalha não é contra homem nenhum, mas contra coisas espirituais (Ef 6.11,12); Terceiro: nenhum dos apóstolos usava arma em suas peregrinações, eles eram armados somente pela Palavra de Deus. Depois que o apóstolo Paulo se converteu ele abandonou a carreira militar; Quarto: nossa defesa deve ser somente a Palavra de Deus, mansidão e boa consciência  (1 Pe 3.15-17 - foco no versículo 17 que diz “se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal”). Tirar uma vida sempre será tirar uma vida, independente do motivo. O julgamento é Deus quem vai impor, não nós.


Se você é cristão e quer ter uma arma de fogo em casa para “se defender”, sem problema. Porém lembre-se que somos livres para fazer nossas escolhas, mas estamos presos às consequências dessas escolhas. Nós vamos colher aquilo que plantarmos (lei da semeadura). Eu prefiro me defender somente com o conhecimento que as Escrituras oferecem como garantia para nós, o que passa disso deve ser considerado com extremo cuidado.


Ao meu ver, nos cabe somente dar a outra face.


Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” - Mateus 5.38-48 

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